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​Síndrome do Pânico

       Um medo súbito e inesperado. Uma alta carga de ansiedade que pode paralisar a pessoa a ponto de ela não conseguir realizar até as coisas mais simples da sua rotina, como trabalhar ou sair de casa para ir ao supermercado. A síndrome do pânico é considerada um transtorno de ansiedade que, na hora do ataque, leva o paciente a se sentir em uma situação de perigo, tornando-o incapaz de escapar.

       Os ataques podem acontecer nos mais diversos locais ou situações, como em um supermercado, dirigindo um carro, trabalhando, sentado em um sofá ou até mesmo em uma roda de amigos. Mas, afinal, quais as causas da síndrome do pânico, quais os seus sintomas, que situações e atividades devem ser evitadas por quem sofre desse transtorno e quais os tratamentos? No artigo de hoje, vamos trazer esclarecimentos sobre o assunto. Continue a leitura e confira!

Quais são as causas da síndrome do pânico?

       Os casos de síndrome do pânico têm crescido e, infelizmente, atingido até crianças. Em um mundo competitivo, cheio de pressões e cobranças, o gatilho para disparar a doença pode começar na infância. A disputa em ser o melhor, em “dar conta do recado” e em ser multitarefas torna o ser humano propenso a desencadear diversos transtornos de ansiedade — um deles, o pânico.

       Muitas vezes, as causas da síndrome do pânico estão nos traumas vividos dentro da família, como a morte de um filho, cônjuge, pais ou irmãos, divórcio, desemprego. Podem ter ligações também com as transições da vida, como se casar, se formar em uma faculdade e ter um bebê.

       O transtorno também pode ser causado por condições fisiológicas. Pessoas com prolapso da válvula mitral — problema cardíaco que acontece quando uma das válvulas do coração não trabalham corretamente —, hipertireoidismo, hipoglicemia e a retirada de medicamentos também são pontos de atenção para quem está sofrendo de pânico e não entende os motivos.  

       Normalmente, a síndrome do pânico é desencadeada por um ataque de pânico que passa a se repetir. Estudos demonstram que a doença atinge duas vezes mais as mulheres do que os homens, principalmente entre os 18 e 35 anos.

       Apesar desse dado, de acordo com o especialista em medicina comportamental, hipnoterapeuta e presidente da Sociedade InterAmericana de Hipnose (SIAH), Valdecy Carneiro, qualquer pessoa pode desenvolver a doença, até mesmo crianças, por diversos motivos da era pós-moderna, alguns já citados neste artigo. 

 

Quais os sintomas?

       Muitas pessoas sofrem com a doença e, por ter algumas sensações físicas, disparadas pelo cérebro, começam a ser tratadas por cardiologistas e neurologistas. O ataque costuma ser repentino, mas o pico é atingido em 10 a 15 minutos. A maioria dos episódios se encerra entre 20 e 30 minutos e é raro durar mais de uma hora.

        Os sintomas da síndrome do pânico podem estar relacionados a diversos sinais. Os mais comuns são:

  • palpitação cardíaca;

  • falta de ar ou hiperventilação;

  • dor no peito;

  • sensação de desmaio;

  • tonteiras;

  • tremor;

  • sudorese;

  • náuseas;

  • forte dor no estômago;

  • formigamento pelo corpo;

  • sensação de morte;

  • descontrole total da situação;

  • pavor intenso;

  • medo de enlouquecer;

  • pensamento acelerado;

  • agitação;

  • visão estranha e desfocada;

  • vontade de sair correndo;

  • falta de apetite

  • entre outros.

 

Qual a diferença entre medos e síndrome do pânico?

       Pessoas que sofrem da síndrome do pânico relatam ter “medo de sentir esse medo controlador”. Isso porque o transtorno faz com que não seja possível saber de onde surge a sensação de apavoramento. Quando uma pessoa sente alguma fobia, é possível identificar a origem ou o objeto que provoca a sensação.

       Já um ataque de pânico surge sem explicações ou origem e é isso que faz com que a pessoa perca o controle da situação. Ela não tem, pelo menos conscientemente, noção do que realmente está sentindo. Pode ser acometida de alguns sintomas, como uma forte dor no peito, e ser tratada como um problema físico, demorando, assim, a ter o diagnóstico da síndrome do pânico.

 

Quais situações e atividades devem ser evitadas por quem sofre desse transtorno?

       O momento do ataque de pânico é súbito, de profundo pavor e descontrole emocional. Pacientes que convivem com a síndrome devem evitar locais muito cheios, fechados e tudo que possa desencadear uma crise. 

        Além disso, é aconselhável sair de casa na companhia de uma pessoa de confiança, pois ficar sozinho quando se está em crise não é recomendado. Nos casos em que a pessoa já conseguiu identificar quais situações provocam um ataque, deve-se fazer o possível para evitá-las.

 

Como se controlar no momento da crise?

       O ataque de pânico costuma pegar a pessoa de surpresa, sem deixar que ela formule um mecanismo de defesa tão rápido quanto a sensação profunda de medo e pavor. Algumas dicas podem ajudar no alívio dos sintomas.

       Respirar fundo é a primeira atitude a ser tomada. Fechar os olhos e procurar focar em algo agradável, prazeroso, acreditando que tudo vai se normalizar em questão de minutos também é uma orientação importante para quem sofre com o transtorno.

       Procurar um local seguro e arejado, para que o momento de crise seja menos desconfortável. Sentar ou agachar pode ajudar a aliviar as sensações de tontura e a falta de ar. Veja mais sugestões que podem ajudar durante um ataque:

 

Focar a mente em outra situação

       Levar o pensamento para outra situação ou lugar no momento da crise, pode ajudar a aliviar os sintomas, pois tira o foco das sensações irreais do ataque.

 

Ter amigos para apoiar o paciente

       Amigos verdadeiros são essenciais durante o tratamento da síndrome do pânico. Ligar para essa pessoa da sua confiança, que pode até ser um familiar, e pedir ajuda no momento da crise também pode ajudar até a superação da crise.

 

Ouvir música

       A música traz muitos benefícios para o corpo e mente. Uma sugestão é criar uma playlist com músicas preferidas. Durante um ataque de pânico, o som pode acalmar o paciente. Outra dica preciosa é usar fones de ouvido para impedir a interferência de outros barulhos e se concentrar apenas na música. Isso pode auxiliar a pessoa a parar de pensar nos medos.

 

Colocar os sentimentos em forma de texto

       Uma excelente dica é criar um diário para escrever os sentimentos. Falar sobre o que sente em palavras no papel, medos e motivos pelos quais a ansiedade surgiu são caminhos para encontrar a origem e solução para o problema. 

 

Praticar exercício físico

       Movimentar o corpo, praticando atividades físicas, libera endorfinas, que são responsáveis pelo aumento da sensação de bem-estar. Exercícios leves, como caminhada, ajudam a relaxar e são ótimas indicações para quem está passando pelo transtorno.

 

Qual a diferença entre depressão e síndrome do pânico? 

       As duas doenças são transtornos emocionais, mas com características bem distintas. A depressão afeta diretamente o humor do paciente, acometendo-o de uma tristeza profunda. Esse transtorno costuma surgir após uma grave situação de perda, como morte de um parente, abandono, término de um relacionamento ou grandes decepções.

       Apesar de afetar a vida social do paciente da mesma forma que a síndrome do pânico, a depressão não é o medo de enfrentar as situações, mas a total falta de vontade de trabalhar, comer, se relacionar e até de viver. Quando muito intensificada, a depressão pode provocar mudanças químicas do cérebro da pessoa, que podem levá-la a desenvolver a síndrome do pânico.

       Os principais sintomas da depressão são: forte e contínua angústia, ansiedade, desânimo, apatia, pessimismo, falta de motivação, dificuldade de concentração e perda de interesse e prazer em atividades que antes eram agradáveis. A insônia e o cansaço também acompanham o paciente com essa doença.

       Como pode observar, não são sintomas que chegam e vão embora, como em uma crise de pânico. A depressão é uma transtorno com sintomas mais prolongados e que podem paralisar completamente a pessoa, não por medo, mas por falta de interesse e motivação. Veja alguns sinais que caracterizam cada tipo de paciente e situação:

 

Morte

  • Pessoas com depressão: acham que a morte é solução para escapar dos problemas. Muitas pessoas chegam a tentar suicídio;

  • Pessoas com síndrome do pânico: têm medo da morte, principalmente durante as crises que provocam uma sensação de sufocamento e aperto no peito. Paradoxalmente, alguns acessos de pânico podem levar o indivíduo a querer “se matar por medo de morrer”.

  • Pessoas com depressão: tendem a ingerir muito álcool para esquecer os problemas;

  • Pessoas com síndrome do pânico: até podem ingerir bebida alcoólica, mas sabem que a prática pode levar a uma crise, então, evitam o álcool.

 

Isolamento

  • Pessoas com depressão: não possuem vontade de estar com outras pessoas. Têm uma forte tendência à solidão;

  • Pessoas com síndrome do pânico: só se isolam porque têm medo de tudo e até o simples ato de sair de casa pode parecer uma tortura pelo pavor que precisará enfrentar. Não está ligado à falta de vontade.

 

O que é agorafobia? 

        O transtorno psicológico está ligado a ataques de pânico e surge quando a pessoa, que sofre repetidamente crises de ansiedade, adquire pavor de que elas se manifestem em situações reais. Basicamente, o medo é motivado pelo pensamento de que a crise pode se repetir e que não será possível conseguir ajuda para sair dela. Embora a pessoa possa ter agorafobia sem um histórico de transtornos de pânico e/ou ansiedade, é comum que o pânico e a agorafobia caminhem juntos.

       Os sintomas são semelhantes ao ataque de pânico: súbitos e intensos, tanto fisiológicos (palpitações ou dores no peito, sudorese, tremor, falta de ar ou asfixia, náusea ou desconforto abdominal, tonturas, diarreias e muitos outros) quanto cognitivos (sensação de irrealidade, descontrole, sensação de morte e alterações na autopercepção).

       Essa fobia poderia ser comparada a uma criança que, assustada com a própria sombra, tenta correr. Isso faz com que a pessoa evite os locais e situações onde as crises aconteceram ou até mesmo onde nada aconteceu. Esses indivíduos fogem de locais públicos, onde sentem que a fuga imediata pode ser complicada, como shopping centers, transportes públicos ou estádios esportivos, por exemplo.

        Uma pessoa fóbica, geralmente, sabe a origem do medo: o medo de ficar sozinho em casa, de viajar de avião, de elevadores, carros, fobias de altura, andar de ônibus e assim por diante — diferentemente da pessoa com síndrome do pânico.

        Segundo especialistas, em média, uma em cada três pessoas com transtorno de pânico desenvolve agorafobia. A vida delas torna-se um círculo vicioso, em que sempre existe a espera para a próxima crise de pânico. Há indivíduos que passam a desenvolver uma rota fixa ou frequentar os mesmos ambientes, criando suas “zonas de conforto” para não ter que encarar a ansiedade de um novo mal-estar.

        É importante ressaltar que a agorafobia não é a mesma coisa que fobia social. Os agorafóbicos não têm problema com a interação social, que é o principal sintoma de quem tem fobia social. Eles têm medo de ter uma crise de pânico e perder o controle físico e emocional em um ambiente onde não há ajuda ou simplesmente se tornar uma situação embaraçosa.

Tratamento com medicamento

       Usar medicamentos é uma das opções para controlar, temporariamente, ou reduzir os sintomas da síndrome do pânico. Porém, não é um método resolutivo, além de ter efeitos colaterais desconfortáveis. Em casos menos severos, as demais terapias são mais indicadas e, para os mais graves, pode ser mais útil, apesar de precisar de associação de outros métodos, como terapia ou até mesmo o estilo de vida.

       Os medicamentos mais receitados para ataque de pânico agem de duas formas: mais demoradas, com resultados aparentes em semanas de consumo, sendo administrados regularmente, não apenas durante o ataque de pânico. Os benzodiazepínicos, que são remédios ansiolíticos que agem mais instantaneamente — geralmente de 30 minutos a uma hora — são indicados para o momento da crise, pois provoca um alívio rápido dos sintomas. Mas, atenção: os benzodiazepínicos são altamente viciantes e levam a sérias complicações sintomáticas pela abstinência.

Hipnoterapia

       Outra possibilidade de tratamento é a hipnoterapia. O método pode amenizar ou até eliminar a síndrome do pânico da vida do indivíduo. A hipnose é um estado alterado de consciência no qual a pessoa consegue acessar o conteúdo inconsciente.

No transe hipnótico o especialista consegue captar a atenção da pessoa, e voltá-la para dentro, internalizar a pessoa. Esse estado existe por um rebaixamento do estado crítico, permitido por meio de sugestões e estruturas verbais pensadas e elaboradas para gerar mudanças.

        É usada para acionar, por exemplo, uma lembrança omitida e ajudar a pessoa a interpretá-la, dar significado para isso. Então, é possível encontrar a origem do problema e ressignificar o trauma. Acessar e dissociar essas questões mais profundas da mente pode ser a solução para entender e eliminar os mais variados sentimentos e comportamentos prejudiciais que desencadeiam a síndrome do pânico.

Limpeza de traumas

       Outra possibilidade é conhecida como “limpeza de traumas”, que consiste em regredir a diferentes anos de vida da pessoa, tendo acesso a tudo aquilo que a incomoda, tirando a carga emocional do momento. É basicamente pegar uma situação associada a um sentimento ruim e tirar essa ligação, fazendo com que o paciente esqueça as coisas que passaram e não armazene mais a lembrança.

       A hipnose também pode ajudar no enfrentamento da síndrome do pânico se o transtorno estiver ligado a um hábito do indivíduo que virou um padrão. Assim, é possível desconstruí-lo com a técnica. 

Com a síndrome do pânico, a hipnose pode ser aplicada de forma progressiva, sem a necessidade do uso de medicamentos. Mas é importante reforçar que o método não funciona da mesma forma para todas as pessoas. Porém, já é comprovado por especialistas que pessoas que estiveram em tratamento por muito tempo com outras terapias, conseguiram superar o transtorno em poucas sessões de hipnose.

Estudos realizados pelo psicólogo americano Alfred A. Barrios, na década de 70, já apontavam para a efetividade da hipnoterapia. Ele fez uma comparação do método com a psicanálise e a terapia comportamental. Os resultados são surpreendentes:

  • hipnoterapia: o tempo médio de tratamento verificado no estudo foi de um mês e meio, realizado em seis sessões, e a taxa de sucesso no tratamento foi de 93%;

  • terapia comportamental: o tratamento teve duração média de seis meses, com número médio de 22 sessões e um resultado de 72%;

  • psicanálise: a média de tratamento girou em torno de 11 anos e meio, com 600 sessões e uma efetividade de 38%.

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